terça-feira, janeiro 02, 2007

Entrevista a José Manuel Lima - Seleccionador Distrital de Aveiro

Futsal em Aveiro desafiou o seleccionador distrital de Aveiro para uma longa entrevista, onde José Manuel Lima abordou sem tabus, vários temas relacionados com as selecções de que é responsável. Os escalões de Sub-19 feminino e sub-19, sub-17 e sub-16 masculinos foram os principais alvos desta conversa. O trabalho desenvolvido nos clubes e a análise ao desenvolvimento do futsal no distrito foram outros dos assuntos abordados.

Futsal em Aveiro: Que balanço faz da participação da Selecção de Sub-19 Feminina no torneio Inter Associações realizado recentemente em Baião?

José Manuel Lima: Foi uma participação claramente positiva, independentemente do resultado mais desnivelado que obtivemos com a A. F. PORTO, mas que estão perfeitamente identificadas as causas, que provocaram esse resultado. Nos outros dois jogos, a equipa esteve relativamente bem, ganhou á A.F. LEIRIA, e perdemos com a A.F.COIMBRA por 1-0. Selecção esta que ganhou o torneio com 3 vitórias. Esta participação como vem sendo habitual, permite-nos obter um conhecimento de quando e em que circunstâncias, a equipa perde qualidade de jogo. Fundamentalmente é um torneio de preparação para o torneio da F.P.F.

FA: Foram cumpridos os objectivos propostos?

JML: Quando planificámos as unidades de treino disponíveis para cada escalão, pretendemos atingir um determinado patamar de rendimento no torneio do Protocolo. As primeiras 7/8 unidades de treino, são direccionadas para a organização do jogo ofensivo, para a dinâmica que pretendemos, no método que definimos. Portanto, o que pretendemos neste torneio, é observar o rendimento das atletas, no que foi abordado nessas unidades de treino, rendimento individual e colectivo como é óbvio. Neste contexto, grande parte da equipa demonstrou estar confiante e forte na abordagem do jogo, embora se tenha jogado melhor em amplitude do que em profundidade, e a equipa sabe o detalhe que falta para explorar o jogo em profundidade.
Se pretendemos ganhar, não é suficiente jogar bem para o lado. Defensivamente a equipa surpreendeu-me pela positiva, não estava à espera da agressividade que demonstraram.

FA: Está satisfeito com o trabalho desenvolvido pelas jogadoras?

JML: Sim. As atletas são entusiastas, gostam do trabalho proposto, preocupam-se com os processos de treino, questionam quando o devem, são autocríticas, porque têm uma boa capacidade de análise, embora me irrite que não consigam superar vícios já adquiridos. São debilidades que deveriam ser corrigidas nos clubes através do treino.

FA: Tem-se notado alguma evolução a nível de resultados nas participações da selecção de Sub-19 Feminino, acha que a breve prazo estão reunidas condições para Aveiro lutar pelos primeiros lugares nestes torneios?

JML: Devido a um leque reduzido de recrutamento para a selecção feminina, defini princípios orientadores, para podermos pensar em atingir alguns resultados motivadores. O princípio seria a construção de uma selecção plurianual, composta por atletas com alguns atributos técnicos e com margem de progressão, alterar a mentalidade competitiva seria também um grande desafio. Iniciámos este trabalho com algumas atletas com apenas 13 anos, hoje temos 3 atletas com 15 anos 5 ou 6 com 16 anos, sendo que de último ano apenas temos 4 atletas num leque de 16. Naturalmente que ouvir as nossas atletas dizerem no intervalo ou no fim do jogo, que não são as outras que estão mais fracas, mas sim elas é que estão mais fortes, dispensa qualquer comentário. É uma selecção que já se bate de igual para igual em qualquer jogo e luta pelo resultado.
È óbvio que a orientação do trabalho, é colocar as nossas selecções num patamar superior, pretendemos que não seja por acaso, que nos últimos 5 torneios da F.P.F., a A. F. Aveiro, esteve em duas meias-finais e 1 final.

FA: Como analisa o trabalho de base feito nas equipas femininas nos clubes do distrito?

JML: Não podemos falar em trabalho de base, porque na minha perspectiva, nunca existiu. Como sempre tivemos apenas 1 campeonato sénior e que até não tinha um grande número de equipas. Os planteis eram bastante desequilibrados em termos de idades, as atletas mais jovens evoluíam ou não naturalmente, mas os treinadores (as), tinham grande dificuldade em gerir estas situações. Reconheço, que não era fácil. Se tenho atletas que continuam a cometer os mesmos erros que cometiam à 2/3 anos, onde está o trabalho de base?
Com o aparecimento de novas equipas, como o caso do Fundo Vila, Ossela, que têm planteis bastante homogéneos em termos de idade (bastante jovem) e com o arranque do campeonato júnior feminino, poderão servir de observatório para a análise da qualidade do trabalho de base e então bem mais à frente, poderá ser avaliado a qualidade do trabalho de base.

FA: O próximo torneio que será disputado nos dias 20 e 21 de Janeiro, envolve a Selecção de Sub-19 Masculina, quais são as expectativas para essa competição?

JML: Antes deste torneio, ainda vamos disputar o torneio da F.P.F. de sub-19 feminino e que envolve na competição 14 distritos, e que pretendemos alcançar alguns objectivos. Se vamos alcançar ou não, depois se verá, no entanto de certeza que ninguém vai poder dizer que não tentámos. Em relação ao torneio de Protocolo sub-19 masculinos, os objectivos são os mesmos que traçámos para os femininos, ou seja: avaliar o rendimento individual e colectivo do trabalho desenvolvido.

FA: O empenho dos jogadores nos treinos tem-se revelado satisfatório?

JML: O empenho ou a falta dele, é uma questão que não se coloca nos trabalhos das selecções, infelizmente o mesmo não se poderá dizer nos clubes. No primeiro dia de trabalho de cada escalão, é transmitido aos atletas o perfil de atleta que pretendemos, assim como as linhas orientadoras, fica tudo muito claro, quem falhar, só tem que saltar fora. Depois dos princípios definidos, temos de ser coerentes com eles. O rendimento é que poderá ser avaliado. Inclusivamente costumo dizer-lhes que nos clubes, são os treinadores que têm levar com eles, ali são eles que levam comigo.

FA: A última Selecção Distrital a entrar em competição será a de Sub-16 Masculina, visto que ainda não começaram a treinar, também não foram revelados os nomes dos jogadores convocados. Depois das observações que fez, tem já algum esboço da 1ª convocatória?

JML: Não, neste momento, estamos a trabalhar na selecção de sub-17, no entanto, tenho alguns elementos referenciados, para serem novamente observados, temos tempo e não queremos precipitações.

FA: Que expectativas tem para esta Selecção?

JML: Para os sub-17 masculinos e porque no ano passado, atingimos a final, pretendemos como é óbvio pelo menos obter o mesmo resultado, para o escalão de sub-16, muito francamente estamos ainda a zero.

FA: Acha que as suas Selecções têm um volume de treinos suficiente para desenvolver o trabalho que pretende?

JML: Há associações, que têm um volume de treinos superior ao nosso, assim como também há associações, que têm um volume inferior, penso que neste momento temos um bom número de treinos. Conseguimos através do Sr. Alberto Monteiro sensibilizar a direcção da A.F.A. para a efectuação de um mini estágio por escalão e que foi concedido, portanto, não temos razões de queixa. Já tivemos bastante menos
Unidades de treino. Obviamente que não conseguimos trabalhar os 4 momentos do jogo, mas para preparar
2 torneios, não me parece insuficiente. Tens 12 unidades de treino, mas se não tens qualidade ao teu dispor, podes ter 120 unidades de treino, que pouco vais acrescentar.


FA: As condições criadas pela Associação de Futebol de Aveiro são as ideais?

JML: Através do nosso gabinete técnico, temos levado á direcção da A.F.A., aquilo que pensamos que é necessário para o desenvolvimento de um bom trabalho e tem havido sempre uma resposta positiva, em termos de condições não nos podemos queixar, temos uma boa logística e na preparação das selecções e dos torneios, nada nos falta, inclusivamente posso afirmar, que não ficamos neste aspecto a dever nada a ninguém.

FA: Que análise global faz ao Futsal no nosso Distrito?

JML: Felizmente, temos 6 equipas a disputar o campeonato nacional da 3ª divisão, sendo que 5 das nossas equipas ocupam os 6 primeiros lugares, tudo indica que poderemos ter no próximo ano 2 equipas a disputar o campeonato nacional da 2ª divisão, o que seria óptimo para o desenvolvimento da modalidade no distrito, para além de um justo prémio para todos os que apostaram na modalidade. Poderá ser um bom indicador qualitativo, mas fico bastante preocupado, quando olho para baixo, principalmente para a formação: Na realidade e infelizmente o crescimento qualitativo, não tem acompanhado o crescimento quantitativo, mas isto é um assunto, que daria uma grande e boa discussão. Penso também, que já fazia todo o sentido, existir um campeonato nacional de juniores, com um modelo competitivo a estudar.

FA: Quer deixar aqui alguma mensagem?

JML: Para os clubes, treinadores, dirigentes e todos aqueles que têm contribuído para o desenvolvimento da modalidade, que 2007 seja um bom ano desportivo para a nossa modalidade e para o nosso distrito. Um abraço especial aos treinadores, dirigentes, pais, pelo esforço que fazem para colocar os seus filhos (as), jogadores, nos trabalhos das selecções.

 
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